Arquivo de abril, 2013

Salve, amigos modelistas! Hoje trago prá vocês bastante barro, poeira, pedras, água… vamos para o Off-road!

Modelo Off-road

Modelo Off-road

O Off-road é, na verdade um estilo bem variado de automodelismo. Temos vários tipos de off-road, e vamos falar sobre isso a seguir. Primeiro vamos levantar os diferentes tipos de veículos para off-road.

Os modelos off-road dividem-se em 5 sub-tipos: os Monster Trucks, os Buggies, os Trugies, os Short Course ou Stadium Trucks e os Rock Crawlers. A diferença varia entre a altura da suspensão, o tipo de pneu e a bolha. Os Monster Trucks são as boas e velhas caminhonetes-monstro, como o famoso Big Foot. Os Buggies são voltados à corridas, e são o símbolo máximo do off-road. Os Truggies são uma amálgama de Monster Truck e Buggie, normalmente com os pneus maiores do Monster Truck e suspensão mais baixa e aerofólio dos Buggies. Os Short Course ou Stadium Trucks são modelos em escala das famosas caminhonetes de Rally, com a bolha cobrindo os pneus. Os Rock Crawlers são modelos diferenciados, por possuírem eixos rígidos, com diferenciais blocados ou blocáveis e estupidamente altos com relação ao solo.

Monster Truck

Monster Truck

 

Buggy

Buggy

 

Truggy

Truggy

 

Short Course ou Stadium Truck

Short Course ou Stadium Truck

 

Rock Crawler

Rock Crawler

Vamos então aos tipos de off-road, do mais básico ao mais específico.

O bashing, também conhecido como free roam, nada mais é do que andar com o automodelo em um campo aberto, sem estradas, com alguns saltos mas não tão acidentado. Pode ser um terreno com pedras, brita, areia, terra… qualquer superfície que não possa ser considerada uma estrada. No bashing, não importa tempo, trajeto, ou posição, mesmo porque o bashing pode ser praticado solo. É o estilo mais voltado à diversão de todos. Não há, também, campeonatos oficiais, mas se pode determinar um trajeto, ou um certo número de manobras diferentes, e pontuar a execução e o tempo gasto para cumpri-las.

Terreno perfeito para Bashing

Terreno perfeito para Bashing

Os veículos voltados para bashing têm, normalmente, a suspensão mais macia. É preciso cuidado também com a escolha do tipo de terreno. Obstáculos acima da escala (muito grandes) podem prejudicar o carro e a dirigibilidade. A velocidade também é um fator importante. No bashing, não é tão alta, em torno de 40-50 Km/h. Os modelos mais indicados para bashing são os Monster Trucks, como o Traxxas E-Revo e o HPI Savage, e os Truggies como o Traxxas Slash, mas nada impede que qualquer modelo seja usado para bashing.

Agora, se você é mais competitivo, você deve ir para o tipo racing. Um circuito fechado, saltos, curvas, tudo para dificultar a sua vida, ou seria para aumentar a sua diversão e o desafio?

Corrida de Buggies

Corrida de Buggies

 

Pista Off-road da Nor Cal Hobbyes and Raceways

Pista Off-road da Nor Cal Hobbyes and Raceways

Os carros do estilo racing têm a suspensão mais firme, mais baixa, e motor rápido e ágil. As provas consistem em um tempo limite, e vence o modelo que completar mais voltas nesse tempo, ou estiver na frente quando o tempo acabar. Os Buggyes e Trugies sãos os mais indicados para essa modalidade, especialmente nas escalas 1/10 e 1/8.

Mas se você não tem pressa, então o seu estilo pode ser o Rock Crawling. No rock Crawling, o seu modelo não vai alcançar altas velocidades, não vai andar em terrenos planos, ou mesmo pouco acidentados. Você vai levar o Off-road ao seu limite.

Crawlers na "Ted's Garage", em Calgary, Alberta, Canadá

Crawlers na “Ted’s Garage”, em Calgary, Alberta, Canadá

Suspensão independente, pneus enormes, amortecedores com um curso enorme, motor primando a força em vez da velocidade… é disso que você precisa para começar a fazer Rock Crawling. Como o nome já diz, nessa modalidade você vai fazer o seu modelo escalar pedras e trilhas íngremes. Os campeonatos baseiam-se no tempo que o modelo leva para completar um certo percurso. Esse percurso é delimitado por “portões”, que são, na verdade, dois pontos lado a lado. O piloto pode escolher por onde andar, desde que passe por todos os portões. No caso de ser cometida alguma falta, como no caso de o modelo rolar ou ficar preso, e ser necessária a intervenção do piloto, ou se o modelo tocar um portão, há um acréscimo de tempo, dependendo do tipo de falta.

Há ainda outra modalidade, mas não é tão difundida (apesar de ter uma linha de veículos específicos para ela). É parecida com Bashing, mas usa uma estrada ou trilha. É o Rallie, exatamente como na escala real.

Carro de Rally

Carro de Rally

O modelo de Rallie é, ao contrário dos outros, um modelo mais parecido com o on-road. A suspensão não é tão firme como nos modelos de estrada, mas o modelo é bem baixo e os pneus têm um padrão mais agressivo do que os on-road. Em resumo, são chassis de buggies e truggies, com bolhas on-road. Essas bolhas são baseadas nos modelos 1/1 que participam do WRC, com marcas como Peugeot 207, Citröen C4, VW Golf, Ford Fiesta, etc. A velocidade é um fator aqui também, mas não conheço nenhum tipo de campeonato ou provas independentes dessa modalidade.

É isso. Descubra o seu tipo predileto de Off-road e pronto. Você já sabe o básico, o resto vem com a prática. Assim como em qualquer modalidade. No próximo artigo dessa série, o último, vou falar sobre um tipo de Automodelismo que todos já vimos ou brincamos: Autorama!!!

Salve, amigos modelistas! Este é o primeiro post feito com a nova cara do HVRC. E para começar, nada melhor do que um novo artigo da série sobre Automodelismo. Começaremos aqui a falar dos estilos de automodelos, e o primeiro é o automodelismo on-road.


Modelo on-road

Modelo on-road

Como o nome já diz, nesse estilo os automodelos são preparados como um carro de rua que estamos acostumados a ver por aí, ou em casos extremos, como carros de corrida (leia-se corrida em asfalto, em circuitos feitos especialmente para isso). As principais características desse estilo são a alta velocidade, o maior controle do modelo e o baixo centro de gravidade. Automodelos on-road podem alcançar até a incrível marca de 100 milhas por hora (aproximadamente 160 Km/h), situação na qual o acerto milimétrico da suspensão pode ser a diferença entre ainda ter o brinquedo ou juntar os pedacinhos dele pela rua.

Atualmente, existem 2 principais tipos de modalidades no automodelismo on-road: Grip e Drift. Grip é a corrida normal, onde os carros tangenciam as curvas, aceleram ao máximo nas retas e a posição de chegada é o principal fator das provas. Os carros são acertados de forma que tenham o mínimo possível de body roll, a melhor resposta na aceleração e os melhores resultados em tempo e velocidade na pista. Exatamente como uma corrida normal.

Competições dessa modalidade existem em todo o mundo, e as pistas são minuciosamente tratadas para serem a melhor aderência que se pode desejar. Um exemplo de pista bem conservada é a pista administrada pela Nor Cal Hobbys & Raceway, localizada em Union City, Califórnia, nos EUA. O nosso amigo Jang, do canal UltimateRC, usa bastante esta pista para fazer os reviews dos produtos que ele mostra nos seus vídeos. Os ajustes mecânicos necessários envolvem o acerto da suspensão, mais baixa e mais firme, o TOE, o camber, a relação coroa-pinhão do motor e o tipo de óleo usado no diferencial.

Pista onroad norcal hobby

Pista on-road da Nor Cal Hobbyes and Raceway

O exemplo mais em voga de carro on-road para Grip é o Traxxas XO-1. O modelo escala 1/7 é o modelo RTR mais rápido do mundo, podendo alcançar mais de 100 milhas por hora (160 Km/h). O conjunto RTR inclui um combo com ESC Castle Creations Mamba Monster Extreme, um motor brushless Big Block, feito em parceria entre a própria Traxxas e a Castle, chassi em alumínio, entre outros componentes especialmente criados para fazer o carro voar baixo.

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Traxxas XO-1

Já nos carros de Drift, a coisa muda um pouco de figura. Os circuitos são menores, com pouca ou nenhuma reta, o piso é liso e menos abrasivo do que o de Grip, e o objetivo não é a melhor colocação, e sim a melhor pontuação. Não há regras uniformes para campeonatos, cada evento tem seu próprio regulamento. Entretanto, a maioria compartilha alguns pontos, como pontuação por ângulo, pontuação por velocidade, perda de pontos por choques e por não seguir o traçado ideal indicado, além se especificações sobre os tipos de pneus e motores. Um exemplo é o regulamento usando pelo pessoal do DubDrift, de Dubai.

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O Drift básico

O ajuste dos modelos de Drift são igualmente diferentes dos modelos Grip: o ajuste de camber e toe são mais acentuados, os pneus são lisos (muitas vezes são usados eletrodutos de PVC para confeccionar pneus, apesar de lojas especializadas terem pneus específicos para drift), o motor não precisa ter tanta velocidade final, e sim mais torque (por isso alguns praticantes preferem os motores brushed para Drift) e os diferenciais são blocados, para que o modelo saia de traseira mais facilmente e o drift fique mais consistente.

Os modelos preferidos são o Sakura D3 e o Sakura S Zero, ambos com sistema de tração por correia, e o Yokomo DPM e o HPI Pro-D, com eixo cardã. A preferência por correia ou cardã varia de piloto para piloto. A diferença entre um e outro é mínima, sendo que o cardã transmite imediatamente o torque para as rodas, e a correia tem uma certa elasticidade que retarda em alguns milisegundos o tracionamento.Em compensação, o cardã sofre mais desgaste entre o copo e o dogbone, podendo chegar a escapar.

Detalhe do eixo cardã de alumínio

Detalhe do eixo cardã de alumínio

Detalhe da correia de transmissão

Detalhe da correia de transmissão

Outra diferença especialmente importante entre o Grip e o Drift é a existência de modificações específicas para o Drift, que consistem no sistema D Box e no sistema Countersteer. O primeiro é semelhante a um giroscópio, que detecta quando o modelo está deslizando de lado, e automaticamente contra-esterça para tentar “endireitar” o carro na curva. O CS é um pouco mais complexo, e consiste em alterar polias para que as rodas dianteiras girem menos que as traseiras, obrigando o carro a andar de lado. A configuração do CS pode variar, de forma que as rodas traseiras deem duas, três ou quatro voltas enquanto as dianteiras dão apenas uma.

Esquema de ajuste do countersteer

Esquema de ajuste do countersteer

d-box

Sistema D Box

Bom… por hoje é isso. Espero que estejam gostando dessa série sobre o meu hobby. Na próxima matéria, vamos ver o automodelismo na lama, na terra, nas pistas com saltos e no cascalho: é a vez dos off-roads!

Olá, amigos modelistas!

Vamos ao segundo artigo da série sobre Automodelismo. Este será mais voltado aos iniciantes, ou àqueles que querem iniciar no hobby. Vamos falar do básico sobre Automodelismo.

Primeiro, temos que lembrar que existem 3 tipos de automodelismo, sendo o Onroad, o Offroad e o de fenda. Como não conheço muito sobre automodelismo de fenda, ou autorama, vou me concentrar aqui no automodelismo rádio-controlado, ou R/C.

Sobre os tipos de automodelismo, podemos citar dois: o OnRoad e o Offroad. Os nomes são auxo-explicativos: Onroad quer dizer “na estrada”, e Offroad significa “fora de estrada”. As diferenças principais entre os dois tipos são a suspensão, que no Offroad é mais alta e com maior curso, e no Onroad é mais baixa, mais firme e com menor curso;

Em seguida, podemos analisar os diferentes componentes, iniciando pelos tipos de motores. Temos motores à combustão, os elétricos escovados (brushed) e os elétricos não-escovados (brushless). Os motores à combustão têm como desvantagens o acerto complicado, o barulho (que não chega a incomodar os modelistas, mas é um inferno para outras pessoas) e o cheiro forte (especialmente nos motores à base da mistura gasolina +  óleo 2-tempos). Como vantagem, temos uma grande autonomia, desde que tenhamos combustível o suficiente. Os motores elétricos são muito silenciosos e não exalam qualquer cheiro, mas a autonomia depende da amperagem e do número de baterias disponíveis. Os motores escovados tem, normalmente, mais torque, menor velocidade final e vida útil mais curta, enquanto os não-escovados têm menor torque, maior velocidade final e vida útil mais longa.

Sobre o tipo de força que move os modelos, os com motor à combustão podem ser movidos à metanol, com porcentagens de nitrometano e óleo 2-tempos. A proporção de nitrometano pode variar, sendo o padrão igual a 20%. Igualmente, a proporção de óleo também é variável, e pode ser de mamona, rícino, etc. Para motores elétricos, temos vários tipos de baterias. As mais usadas são as de NiMH (Níquel-metal-hidreto), que têm normalmente uma tensão de 1,2V por célula (“pilha” que compõe o conjunto) e amperagem também variável. São menos usadas pois a tensão, para carros RC, normalmente é fixa em 7,4V, além de terem um efeito memória muito elevado e a taxa de descarga muito alta. Já as de LiPo (polímero de lítio) são as preferidas, apesar de mais caras. A tensão de cada célula é de 3,7V, e pode vir na configuração de 1S, 2S, 3S, 4S, 6S ou 8S (o “S” quer dizer o nº de células). Baterias LiPo com mais células pedem ESC’s (controladores eletrônicos de velocidade) mais resistentes.

Sobre o tipo de tração, existem os 4WD (ou 4×4), e os 2WD (ou 2×4). Os 4WD são mais usados para bashing (percurso offroad indefinido, em campo aberto), drifting (percurso onroad em circuito, com “derrapagens controladas”) e rock climbing (escalada em pedras). Os 2WD são usados em corridas em circuitos offroad e bashing, mas não são tão populares.

Sobre os eixos e suspensão, a maioria possui suspensão independente, com braços e semi-eixos, mas alguns modelos, especialmente para rock climbing, têm eixos inteiriços, para melhorar a performance em pedras.

Na verdade, existem muitos outros pontos para se citar, mas como pretendo apresentar apenas o básico, vou parando por aqui. Até a próxima matéria da série Automodelismo!

Salve, amigos modelistas!

Hoje a matéria é especialíssima!

Como todos já sabem, sou automodelista R/C, ou seja, tenho automodelos rádio-controlados. Mas não vou falar sobre eles hoje, e sim sobre um outro tipo de automodelismo, um tipo muito difundido há várias décadas, e que todos já tivemos ou, pelo menos, vimos ou ouvimos falar: o automodelismo de fenda, ou como também é conhecido popularmente, o Autorama!

O termo “Autorama” foi criado e é marca registrada da empresa Estrela. O primeiro Autorama da empresa foi lançado na década de 60, e este é um dos motivos pelo qual muitos “quarentões” e mesmo “cinquentões” são apaixonados pelo esporte até hoje.

Autorama da Estrela, modelo com Emerson Fittipaldi como garoto propaganda

Autorama da Estrela, modelo com Emerson Fittipaldi como garoto propaganda

Bom, eu não ando de autorama. Pelo menos não atualmente. Mas já tive uma pista de autorama, dessas mesmas fabricadas e distribuídas pela Estrela, na qual haviam dois slots (ou fendas, onde o contato elétrico é feito entre o carro e o controle), dois carros e dois controles. Para mim, a grande vantagem do autorama sobre os R/Cs toy-grade era o fato de podermos ligar a pista de autorama à uma tomada simples, enquanto os RC’s precisavam de pilhas e pilhas de pilhas (ok, o trocadilho não ficou bom, mas eu achei graça… hehehe). Já a desvantagem, que não chegava a ser desvantagem , na verdade, era o fato de não poder controlar a direção do modelo. Mas mesmo assim, a diversão era garantida, especialmente quando conseguia algum amigo para brincar junto, ou mesmo meu pai, que também adorava aquilo.

Brabham de Nelson Piquet, de um dos modelos da Estrela

Brabham de Nelson Piquet, de um dos modelos da Estrela

E como sou leigo no assunto, fui pesquisar. E localizei uma entidade chamada UPAF – União dos Pilotos de Automodelismo de Fenda. A instituição existe desde o ano 2000, e tem sido mantida pelas lojas especializadas que organizam competições em nível Estadual, em São Paulo. E conto, nesse post, com a colaboração do fundador-presidente da UPAF, Paulo Gonçalves. Paulo tem 52 anos, é empresário, dono da Parolu Autorama desde 1976, e da TWP Products, voltada à produção de componentes para autoramas. Essa empresa é a responsável pela construção e comercialização da primeira réplica de fabricação nacional, o modelo TWP 321. Veja a entrevista a seguir:

Pilotos reunidos na Parolu Autorama, de Paulo Gonçalves

Pilotos reunidos na Parolu Autorama, de Paulo Gonçalves

HVRC:  Com que idade você iniciou no hobby, e por influência de quem (pais, amigos, etc)?
Paulo: Comecei com  5 anos, com Autorama da Estrela, modelo HO, e aos 13 anos comprei meu primeiro Autorama Estrela escala 1/32. Sempre fui louco por carros e corridas, e na época nosso grande campeão era o Emerson Fittipaldi, que era o garoto-propaganda da Estrela também.

HVRC: Qual é a média de idade dos pilotos de autorama hoje?
Paulo: A média atual está em 35 anos.

HVRC: Na sua opinião, qual é o maior atrativo do autorama para os pilotos?
Paulo: É ter uma réplica de carros de diversas épocas, ou carros extremamente rápidos, que chegam a atingir velocidades acima de 150Km/h na reta maior (da pista).

HVRC: Além da UPAF, de quais outras associações você tem conhecimento, envolvendo o modelismo em geral?
Paulo: Existe a NPRA (National Professional Racers Association), voltada a carros “asa” de altíssima performance, e a LPA (Liga Paulista de Autorama), com carros em duas categorias “bolha”.

HVRC: Quais são as modalidades ou estilos diferentes de autorama, seja por tipo de carro ou tipo de pista?
Paulo: Existem as categorias de réplicas (carros 1/32 importados, de plástico, e o TWP 321, a primeira réplica nacional, além das réplicas 1/24). As categorias são: Carros 16D 1/24 categoria novatos UPAF, Carros Falcon 1/24 categoria novatos LPA, Carros G12 1/24 categoria velocidade bolha sem asa UPAF, Carros G27 1/24 categoria asa rápidos NPRA e Carros G7 1/24 categoria força livre.

HVRC: Existe um bom suporte para autorama por parte das lojas especializadas em modelismo?
Paulo: Sim, total. Hoje possuímos equipamentos de primeiro mundo na fabricação e desenvolvimento de materiais top de linha para autorama. Fabricamos motores, ferramentas, borrachas (a melhor do mundo para qualificação, UFRA TWP). Não precisamos importar tudo hoje em dia, temos um vasto material de fabricação nacional, e isto fez com que o custo do equipamento caísse bastante.

HVRC: Defina, em uma frase, o autorama para você:
Paulo: “Autorama: uma profissão, uma paixão.”

Paulo Gonçalves (D), ao lado do campeão da categoria S16D de 2011

Paulo Gonçalves (D), ao lado do campeão da categoria S16D de 2011

 

Modelo TWP 321, primeiro modelo fabricado 100% no Brasil, pela TWP Products

Modelo TWP 321, primeiro modelo fabricado 100% no Brasil, pela TWP Products

Hoje em dia, para quem quer começar no autorama, ainda existe a opção do modelo da Estrela, que ainda está longe dos profissionais, mas que é uma bela forma de entrar no hobby, além de ser nostálgico para quem já teve um desses. O modelo da fábrica mais atualizado não usa a Fórmula 1 como o seu antepassado. Os problemas para usar a foto de Felipe Massa no brinquedo vão da falta de popularidade da modalidade com relação à época de Fitipaldi, Piquet e Senna, e o baixo desempenho do principal piloto brasileiro na atualidade. Além do alto custo da imagem do corredor, que é vinculado à Ferrari (que não cobra pouco pelo que quer que seja). Mas mesmo assim, ainda temos o Autorama à venda, numa edição especial comemorativa de 50 anos, usando carenagens da Stock Car, tendo como garoto propaganda o multicampeão Cacá Bueno.

Edição comemorativa de 50 anos, com modelos da Stock Car, tendo como garotos propaganda Cacá Bueno e Tiago Camilo

Edição comemorativa de 50 anos, com modelos da Stock Car, tendo como garotos propaganda Cacá Bueno e Tiago Camilo

É isso, pessoal. Muitas pessoas vão lembrar, após ler esse post, dos tempos de infância, quando passavam um bom tempo estáticos, só movendo os olhos, tentando acompanhar o trajeto dos pequenos bólidos nas pistas, acelerando nas retas e segurando antes das curvas para não fazer o carro voar longe. E é com essa lembrança agradável que vou terminando esse post por aqui.

Até a próxima!

Aloha! Bem vindos a mais um post do HVRC!

Dessa vez vamos botar a mão na massa… ou seria na graxa?

Desde que comprei o meu Mastadon 1/18, a ideia de ter um RC para Drift começou a crescer na minha cabeça. Claro, 4 meses é muito pouco para se ter uma “história” no mundo do modelismo, mas mesmo assim eu já dei um jeito de realizar esse sonho. Ou quase.

Assim como nas linhas de eletrônicos em geral, normalmente temos marcas bem conhecidas. No RC, temos Traxxas, HPI, Kyosho, Team Associated, Team Losi… Estas são, de longe, as melhores marcas. Mas também temos aquelas marcas menores, menos conhecidas, e com um produto mais genérico. Tão genérico que compartilham algumas (ou todas) as peças. É o caso dessas marcas citadas no título. HSP, Himoto, Exceed, AMax, Hedcat, Iron Track, todas têm em comum pelo menos alguma coisa de seus modelos. Por exemplo, a Himoto e a Iron Track são a mesma marca, mas cada uma é vendida em uma parte do mundo (como a Opel e a GM/Chevrolet, que são a mesma empresa, mas uma atua na Europa e outra nas Américas).

E como normalmente acontece, as marcas genéricas têm um preço mais atraente aos “menos afortunados”, no real sentido do termo. Eu, por exemplo, pesquisei bastante e optei, por conveniência e capacidade financeira reduzida, por um HSP Flying Fish usado. Não faço ideia de quanto custa um novo, mas achei barato a minha versão “RTR upgraded” por R$ 480,00. Além do chassi, veio com ele o Fly Sky FS-GT2 (com receptor), um ESC HobbyKing, provavelmente 60A, um jogo de rodas e pneus para Grip, dois jogos de rodas e pneus para Drift, duas bolhas (uma judiada e outra boa) e duas baterias LiPO 2S 5000 mAh. Foi o início da realização do meu desejo!

Depois de comprar o carro e experimentar o drift RC pela primeira vez, percebi que podia melhorar o carro para melhorar a minha performance. Pesquisei em forums e no YouTube, e aprendi que o diferencial funcional do carro pode prejudicar o drift (apesar de ter vantagens incontestáveis no grip). Assim, bloquei (sim, o termo usado no meio é “bloquei”, e não “bloqueei”) os diferenciais, usando a curiosidade, a criatividade e alguns tutoriais da net. Mas como foi demorado e difícil encontrar esse auxílio, resolvi fazer esse post aqui com um passo-a-passo para liberar os diffs e blocá-los. Vamos aos passos:

!!IMPORTANTE!!

O trabalho prestes a ser executado é minucioso, e não tem nada a ver com o que acontecia quando éramos crianças, e desmontávamos nossos brinquedos, e quando montávamos denovo, faltavam peças. Qualquer peça esquecida na bancada pode prejudicar o desempenho do modelo, danificar outras peças ou, eventualmente, causar acidentes. Seja cuidadoso e organizado, especialmente com parafusos / porcas / peças pequenas. Além disso, tome cuidado com parafusos engripados, a força excessiva pode danificar a chave ou a cabeça do parafuso. Um desengripante e um pouco de paciência podem resolver, mas cuidado com produtos corrosivos. Afinal, o seu chassi tem partes de plástico.

1º: Para remover os diffs, você tem que soltar uma série de parafusos (19 na traseira e 18 na dianteira). Comece pelos seis que seguram o Upper Deck (na foto, a peça de ferro roxa). Isso facilita o trabalho;

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Parafusos do Upper Deck

2º: Na parte de baixo do chassi, você vai notar 6 parafusos na traseira. Remova-os todos (os 2 da extremidade prendem o pára-choques, e  os outros 4 seguram o diff case). Na dianteira são 7, pois há 3 parafusos segurando o pára-choques dianteiro;

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Parafusos da traseira – chassi

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Parafusos da dianteira – chassi

3º: Olhando para a traseira ou para a dianteira do modelo, remova os seguintes 8 parafusos: 2 no Body Post, 2 dos amortecedores (os de cima), 2 para soltar o diff case e 2 para soltar o conjunto da torre.

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Parafusos da traseira – suspensão

4º: Nesse ponto, o procedimento é um pouco diferente na frente e atrás. Na traseira não precisa desmontar completamente a suspensão, enquanto na frente é necessário, para se chegar ao último parafuso. Para a dianteira, remova os dois pinos do braço inferior da suspensão, e o suporte dos pinos;

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Removendo os pinos dos braços inferiores na susp. dianteira

5º: Aqui, você vai poder ver o último parafuso de cada diff case. Ele fica bem escondido, embaixo do diff case, atrás protegido pelo pára-choques, na frente pelo suporte dos pinos da suspensão. Remova-os;7

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Último parafuso do diff case

Agora tudo volta a ficar igual na frente e atrás. Vou mostrar só na frente, pois não tirei fotos do desmonte da traseira.

6º: Com todos os parafusos removidos, comece desencaixando a torre do amortecedor. Graças aos links da suspensão, você pode mover todo o conjunto para cima;

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Remoção da torre da suspensão

7º: Com tudo isso feito, já é possível remover a parte de fora do diff case. Mas atenção: remova apenas a parte de fora, não precisa remover todo o diff case;

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Diff case aberto, com o diferencial à mostra

8º: Retire o diff com todo o cuidado, e remova o rolamento e os 4 parafusos pequenos para abri-lo;

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Abrindo o diff

9º: Com ele aberto, comece a limpeza da engrenagem superior. Após, remova as engrenagens-aranha (duas engrenagens cônicas contrapostas em um eixo);

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Engrenagem superior, na tampa, e engrenagens-aranha

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Engrenagens-aranha

10º: Remova as travas das engrenagens da capa e do fundo do corpo, e retire as engrenagens;

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Engrenagem inferior, Clip-E, “copo” do dogbone e corpo do diff

11º: É hora da limpeza. Use um papel-toalha para remover a graxa do interior do diff e das engrenagens;

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Limpe bem, removendo todo o excesso de graxa

12º: Após, monte novamente a engrenagem do fundo e a engrenagem-aranha, mas não a coloque no lugar. Prepare o seu material blocante. Eu usei cola de silicone, dessas usadas na vedação de boxes de banheiro, montagem de aquários, etc. Ela tem um ótimo fator blocante, mas é de fácil remoção, além de não ser tóxica e secagem rápida (entre 10 e 15 min);

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Cola de silicone

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Preenchimento do corpo do diff

13º: Com a engrenagem do fundo montada, comece a preencher o corpo do diff com a cola. Pode colocar bastante, até quase a borda. Qualquer excesso será removido quando fechar;

14º: Coloque de volta a engrenagem-aranha, afundando ela na cola (cuidado com os encaixes, ou não vai entrar). Após, complete novamente com cola, até a borda;

15º: Monte novamente a engrenagem na tampa do diff, e espere secar um pouco a cola, mas não completamente. 3 a 5 minutos bastam. Remova o excesso de cola nos buracos dos parafusos;

16º: Após uma pré-secagem da cola, recoloque a tampa. Recoloque o diff no case, mas cuidado para não colocar virado ou esquecer de encaixar os dogbones;

17º: Finalmente, é só montar tudo. Não force as rodas, pois a secagem completa da cola é um pouco mais demorada, e qualquer movimento no diff pode fazê-la ceder. O ideal é fazer isso tudo de noite, antes de dormir, e só usar o modelo no dia seguinte, para uma secagem completa.

Ufa! 3 horas depois de começar, seus diffs já estão blocados! Tenha certeza de que não esqueceu nenhum parafuso perdido… hehehe

Bom, espero que esse tutorial ajude alguém, como as dicas que recebi principalmente do pessoal do Forum RC Elétrico. Por hoje é isso, um grande abraço e até a próxima!

Salve, salve, amigos modelistas!

Hoje inicio com grande orgulho uma pequena série de artigos, todos sobre modelismo, todos sobre automodelismo. Mas nem todos sobre o mesmo assunto.

Explicando melhor, cada artigo (que pretendo publicar semanalmente, se puder), vai falar sobre o hobby do qual tenho mais conhecimento. Sou um grande apreciador de outros tipos de modelismo, como ferromodelismo, aeromodelismo, nautimodelismo… mas minha experiência com esses tipos de hobby se limitam a observar, ler e tentar aprender. Com o automodelismo, apesar de não muito profunda, minha experiência vem de anos: desde o autorama, passando pelos modelos de brinquedo (brinquedo MESMO) e finalmente com automodelos propriamente ditos.

Nesse primeiro artigo, vou falar um pouco sobre a fronteira entre as duas diferentes classes de automodelos, ou mesmo de modelismo em geral: a classe “brinquedo” (toy-grade), e a classe “hobby” (hobby-grade). Ok, algumas pessoas podem perguntar “certo… mas e os modelos da classe hobby não são brinquedos também?”, e outras pessoas vão gritar com você dizendo “pô, cara! Tá comparando meu Traxxas Slash 4×4, com bateria LiPO e combo Mamba Monster com um brinquedo?”… Na verdade, na minha opinião (e na opinião de vários modelistas), os modelos hobby-grade são sim brinquedos, e o primeiro grupo vai fazer uma pergunta válida. Obviamente, se você procurar um modelo toy-grade, o mais caro que você encontrar deve custar aproximadamente o mesmo que um modelo de entrada hobby-grade. Como diz o nosso amigo Jang, do forum UltimateRC (e também do canal UltimateRCnetwork, no YouTube), os modelos toy-grade são feitos principalmente visando o público infantil, crianças até os 8 anos. E muitos pais vão torcer o nariz para modelos que podem custar 200, 300, 500 ou até 1.000 dólares para seus filhos, sobrinhos, etc.

O modelismo toy-grade merece muito respeito por duas razões:

 1º – Eles são encontrados praticamente em todos os lugares. Lojas de brinquedos, hipermercados, lojas de artigos importados… praticamente todas as maiores cidades de qualquer país têm um desses tipos de estabelecimento. E isso faz com que a indústria de modelos toy-grade gire MUITO mais dinheiro do que a indústria de modelos hobby-grade;

 2º – Os modelos toy-grade têm um preço muito mais atrativo do que um hobby grade, como já mencionado. Portanto, o que você acha mais fácil de encontrar na rua? Um modelo hobby-grade de mais de R$ 2.000,00 nas mãos de um adulto, ou um brinquedo de R$ 50,00 ou R$ 100,00 nas mãos de uma criança?

Por essas diferenças básicas, a indústria de modelos toy-grade merece respeito. Quando chegar na sua pista R/C local, ou onde quer que você ande, e ver uma criança brincando com o seu ultra-futurístico-plástico-barato-pilhas-sem-suspensão carrinho de controle remoto (eu realmente ODEIO essa expressão), nada de ficar zoando a criança (ou o jovem, ou o adulto) por conta do que faz ele se divertir. Incentive-o, mostre o seu modelo sem esnobar o dele, faça-o tirar o máximo proveito do seu brinquedo. Isso pode ser o bastante para que, no futuro, você tenha mais um amigo para tirar aquele raxa, ou sair fazendo bashing juntos.

Pois bem. Eu mesmo sou um exemplo deste tipo de coisa. Já tive um automodelo toy-grade, e quando levava ele ao aeroclube para ver os adultos voando seus aeromodelos, sempre tinha um ou outro que zoava o meu modelo com um hobby-grade, motor à combustão, suspensão ajustável… Mas a maioria se divertia junto comigo, especialmente os aeromodelistas, que pediam para acompanhar os aeromodelos enquanto taxeavam pela pista. Isso me incentivou a, anos mais tarde, partir para o meu primeiro automodelo hobby-grade, há cerca de 6 meses atrás. Como disse em outro post, não sou experiente como um modelista de 5, 10 anos, mas procuro absorver tudo o que posso, e transmitir a quem ainda não começou no modelismo. E se você, caro leitor que não tem qualquer automodelo, estiver passando em frente a uma loja de brinquedos e ver um “carrinho” que te desperte a atenção, compre se puder. Vá para a rua em frente à sua casa e divirta-se. E não de atenção para aquela rizadinha do seu vizinho, ele provavelmente nunca teve um desses, mas adoraria.

Bom, é isso. Na semana que vem, mais sobre automodelismo no segundo artigo da série. Até lá!

Salve, amigos modelistas!

Como vocês perceberam, esse blog não é voltado exclusivamente ao automodelismo, mas sim a todo tipo de modelismo. Os últimos posts fazem parte de uma série especial sobre Automodelismo, mas vou dar um tempo nessa série para voltar a uma outra série, mais irregular, falando sobre uma parte mais específica dos automodelos. O primeiro desse tipo foi o artigo T4D (Tunning for Drifting), falando sobre como acessar e travar os diferenciais dos modelos genéricos (HSP, Himoto, Exceed, etc), e vou continuar com essa pequena série T4D, mas agora vou iniciar uma outra série, a RC Tunning, onde vou falar sobre ajustes para os automodelos elétricos.

Dessa vez, decidi falar um pouco sobre os ajustes de suspensão. Não me interpretem mal, sou iniciante como muitos que leem o blog, mas gosto de passar adiante as informações que coleto pela Internet. E esse tutorial é um pouco disso. Vou me basear quase que exclusivamente nas informações publicadas em vários sites pelo automodelista Cristiano Gimenes, do forum RCMasters. Este tutorial é quase completamente voltado para automodelos com suspensões independentes, mas alguns ajustes podem ser aplicados em modelos de eixos rígidos.

Inicialmente, preciso chamar a atenção de todos para os tipos de ajustes possíveis da suspensão dos automodelos: Altura, amortecedores, camber, caster e toe. Nem todos os modelos têm todos os ajustes, e nem todos os ajustes são benéficos a todos os tipos de modelos, mas os mais completos são 100% configuráveis. Pois vamos a eles:

ALTURA

A altura é a regulagem que afeta a medida do chassi ao solo, e a firmeza da suspensão como um todo. É determinada pelo comprimento e pelos pontos de fixação dos amortecedores. Levando em conta os pontos de fixação, quanto mais verticais ficarem os amortecedores, mais alto fica o chassi (e o centro de gravidade) do modelo, e mais macia fica a suspensão.

shock mounts

Shock Tower, com vários pontos de fixação

Modelos onroad normalmente têm a suspensão mais “dura”, e os amortecedores montados mais inclinados, de forma a manter o chassi e o CG do modelo o mais próximo do solo possível, melhorando a estabilidade nas curvas e diminuindo o body roll, ou rolagem lateral do chassi.

Body Roll

Rolagem lateral do chassi

GroundClearance

Diferença entre a altura (ground clearance) de um offroad (monster truck) e de um onroad

Já modelos offroad normalmente têm suspensões mais altas, dependendo da categoria. Modelos voltados a bashing e racing são mais baixos, enquanto modelos para rock climbing e rock racing são mais altos. Sempre lembrando que modelos offroad têm o chassi mais distante do solo do que os onroad, exatamente para evitar que o chassi raspe no solo ou em pedras.

AMORTECEDORES

 

A altura e o tipo de amortecedores determinam a firmeza da suspensão. Dependendo do tipo de mola, do óleo utilizado e das próprias medidas do amortecedor, eles podem variar bastante o nível de absorção de irregularidades do solo, bem como permitir ou impedir a rolagem do chassi.

Shock sizes

Diferença de tamanho dos amortecedores

Modelos onroad têm amortecedores mais curtos, com óleo mais viscoso e molas mais firmes, enquanto offroads têm amortecedores mais longos, com óleo mais fino e molas menos firmes. A escolha do óleo, das molas e do comprimento do amortecedor também variam de terreno para terreno. Automodelos para bashing têm amortecedores com óleo mais fino e molas mais suaves. Modelos para racing, por sua vez, têm amortecedores com óleo mais grosso e molas mais firmes. Já amortecedores de modelos para rock climbing têm óleos finos e molas suaves.

CAMBER

 

O camber, ou “cambagem”, na forma abrasileirada, é a inclinação das rodas com relação à perpendicular vertical. Traduzindo em miúdos, é quando, olhando de frente ou de trás do modelo, a parte de cima do pneu está mais próxima ao chassi do que a parte de baixo (camber negativo), ou mais distante do chassi que a de baixo (camber positivo).

camber

Cambagem positiva e cambagem negativa

O camber tem a função de ajustar a área de contato do pneu com o solo, de acordo com o movimento dos braços da suspensão. Conforme o movimento, o pneu tende a encostar no solo apenas com a parte interna, ou apenas com a parte externa.

Observando vídeos de drift R/C, pude notar que a maioria dos pilotos mantém o camber extremamente negativo. Pelo que já se sabe de ajuste de camber, o motivo é o constante deslocamento lateral sofrido pelos carros durante um drift. Assim, a roda de fora tem o contato com o solo maximizado pelo camber negativo, impedindo que o piloto perca o controle e o carro gire desgovernadamente.

Automodelo com setup para drift, com cambagem negativa

Automodelo com setup para drift, com cambagem negativa

CASTER

 

O caster é a inclinação da linha do pivô com relação ao solo. Esse tal pivô não é o jogador de basquete, e sim a peça que sustenta a roda. Isso quer dizer, exemplificando, que se você observar o carro de lado, e o centro da roda estiver mais perto da frente do carro do que o ponto mais alto do pivô, você tem um caster POSITIVO, se estiver mais para trás, é um caster NEGATIVO.

Caster Positivo e caster negativo

Caster Positivo e caster negativo

O caster determina a estabilidade do carro quando em linha reta. O caster positivo aumenta o contato do pneu com o solo, enquanto o caster negativo faz o contrário. Ou seja, não é bom ter caster NEGATIVO no carro, em nenhuma situação, pois isso diminui a aderência, fazendo o carro “embolar”, ou girar o pneu que traciona em falso.

TOE

 

O TOE é a inclinação do pneu em relação à linha central do chassi. Olhando o chassi de cima, se o pneu estiver com a parte da frente mais próxima do chassi, você tem TOE CONVERGENTE (TOE-IN). Quando está ao contrário, é TOE DIVERGENTE (TOE-OUT).

TOE-IN (convergente) e TOE-OUT (divergente)

TOE-IN (convergente) e TOE-OUT (divergente)

A rigor, o TOE controla a estabilidade do carro em diferentes situações. Nas retas, o TOE-IN melhora a estabilidade em linha reta, enquanto o TOE-OUT deixa o carro mais nervoso, melhorando a estabilidade nas curvas. Assim, quando o circuito tem curvas mais fechadas e retas mais curvas, é aconselhável manter o TOE-OUT, e quando o circuito tiver curvas mais abertas e mais retas (como circuitos ovais, por exemplo), deve-se manter o TOE-IN.

Além dessas opções, ainda se pode verificar as barras estabilizadoras, mas como a maioria dos automodelos mais populares não têm essa opção, não comentarei sobre isso. Na verdade, as configurações de suspensão têm importância maior para pilotos que vão competir. Se o seu objetivo é só diversão, o ajuste de fábrica pode ser mantido, mas nada impede um ajustezinho aqui ou ali… hehehe

Bom, como eu disse lá em cima, esse breve e resumido tutorial é baseado no artigo do Cristiano Gimenes. Para quem quer ler todo o artigo, que contém informações mais aprofundadas sobre acada ajuste, pode acessar este link.

Por hoje é isso. Até a próxima, com mais informações sobre modelismo aqui no HVRC!

VOANDO NO CHÃO

 Modelistas

Quem por aí tiver 30 anos ou mais vai lembrar de um filme com um certo rapazinho, que veio a se tornar um dos melhores atores de ação de Hollywood. O tal ator era nada menos do que o Sr. Thomas Cruise Mapother IV, também conhecido pela alcunha de Tom Cruise. Conhecido por filmes como Minority Report, Missão: Impossível, Vanilla Sky e Dias de Trovão, o Sr Mapother IV interpretou, em 1986, o Tenente Peter Mitchell, ou “Maverick”, piloto da Força Aérea americana, que realiza um treinamento na famosa escola de ases Top Gun (também o nome do filme), que existe de fato.

Pois bem. Quem, como eu, tinha pouca idade quando viu o filme pela primeira vez, antes do advento dos jogos eletrônicos, botou a imaginação para funcionar a todo vapor, tentando idealizar as manobras efetuadas no filme por Maverick, Goose, Iceman e seus colegas pilotos, mas tudo de olhos fechados. Quem não daria um apêndice inflamado por uma chance de realizar aquelas manobras?

É… Para quem tem dinheiro de sobra, tempo e alguma paciência para aprender, a chance está aí. Claro, a única coisa que não vai estar no avião é você, mas a emoção pode ser tão grande quanto. É o aeromodelismo, um hobby dos mais famosos em existência.

Não vou comentar sobre a história do aeromodelismo, pois é um tanto confusa. Ninguém sabe exatamente como surgiu, então não vou falar sobre o que não sei. Vou me concentrar na parte prática, que já é bastante interessante.

Basicamente, existem 3 tipos de aeromodelos:

VCC

 – Os U-Control, ou VCC (Vôo Circular Controlado), que consistem em um modelo ligado a cabos e voando em círculos. O “piloto” fica em pé no centro e o modelo voa em volta dele, controlado pelos cabos;

Rádio

 – Os radio-controlados, mais conhecidos do grande público. Um modelo, um piloto e um controle remoto;

Papel

 – Os de vôo livre, que todo mundo já fez ou teve. São aviões lançados, sem controles, que podem ser movidos por motores, elásticos, ou mesmo sem motores. Os aviões de papel são o exemplo mais simples desses modelos.

 

Claro, no conceito de modelismo propriamente dito, o que lembramos primeiro é o radio-controlado. E ainda tem sub-divisões, baseadas no tipo de motor: modelos à combustão, modelos elétricos e planadores. Modelos à combustão podem chegar a escalas superiores a 1:2. Portanto, podem ser mais detalhados, normalmente usam motores 2-tempos e, na maioria, são fabricados em madeira ou fibra. A madeira usada é a balsa, muito leve e fácil de se trabalhar.

 Combustão

Os modelos elétricos são menores, têm vida útil reduzida, são mais silenciosos, não têm o inconveniente do cheiro de óleo 2-tempos, têm uma possibilidade maior de montagem de modelos bimotores, trimotores ou mais, e é mais barato para manter, já que não é necessário comprar combustível (se bem que uma ou duas baterias extras estendem consideravelmente o tempo de vôo, e não são nada baratas).

 Elétrico

Já os planadores são um caso a parte. O vôo em si não depende de motores, mas eles têm de alçar vôo de alguma forma. Podem ser rebocados por outros modelos ou por veículos terrestres, lançados (manual ou mecanicamente), ou mesmo ter um pequeno motor para colocá-los lá em cima, mas que não interferem no vôo em si. Algumas pessoas consideram o chamado vôo à vela radio-controlado mais divertido do que outras modalidades, pois caçar correntes ascendentes de ar quente pode ser um grande desafio. O pouso também é um pouco mais complicado, pois depende unicamente da sustentação da asa, sem possibilidade de arremeter no caso de algum problema.

 Vela

Os valores, como no modelismo em geral, variam bastante. Modelos simples de planadores com 2 canais podem ser adquiridos por menos de R$ 150,00, e modelos complexos, com motores a jato e escalas maiores podem chegar à dezenas de milhares de dólares. Mas o aeromodelismo tem a vantagem de a maioria dos componentes poderem ser confeccionados em casa, como fuselagem, ligações elétricas, etc. Para quem tem algum grau de conhecimento de engenharia e eletrônica, é possível (embora nem um pouco prático) construir 100% do modelo artesanalmente, inclusive servos e motores. Basta ter tempo de sobra e vontade.

Artesanal

 Na próxima matéria, vamos descer ao chão na carona do modelismo terrestre.

Salve, amigos modelistas! E bem vindos ao primeiro post deste blog!

Nesse post, vou apresentar um pequeno artigo que escrevi para o site NovaTopNet, onde tenho uma coluna sobre modelismo. O artigo tem a intenção de apresentar o modelismo a pessoas que não conheçam nada (ou conheçam muito pouco) sobre o assunto, e visa atrair o interesse a esse hobby tão querido pelos seus praticantes. Confira!

Qualquer menino entre 3 e 15 anos, já ficou maravilhado, boquiaberto ou até mesmo catatônico ao ver carros, barcos, aviões ou trens em escala. Qualquer criança teve algo parecido com um carro de brinquedo, até mesmo meninas, com carrinhos da Barbie, ou seja lá que boneca seja a preferida delas. Mas já há algum tempo os modelos vêm se aprimorando, com níveis absurdos de detalhamento, que vão da pintura aos instrumentos do painel.
Mas o que atrai meninos e adultos de uns anos para cá é um novo nicho, que eleva o que era antes considerado brinquedo ou excentricidade a um nível muito mais avançado, mas ao mesmo tempo mais popular. O modelismo, em suas várias sub-divisões, têm conquistado mais e mais adeptos, e fomentado uma indústria que faz girar cada vez mais dinheiro. Veículos de todos os tipos são miniaturizados e condensados em escalas que variam de 1:72 a 1:8. Mas primeiro, o que quer dizer essa tal escala?
No colégio, na aula de geografia, a maioria das pessoas aprende a ler mapas. Mapas de países, de cidades, de Estados… e o mapa têm uma escala, que muitos não sabem o que quer dizer. Pois bem, simplificando, a escala é o que faz você perceber o quão pequeno algo é, quando comparado ao tamanho real. Por exemplo, uma escala de 1:18 (lê-se “um para dezoito”) quer dizer que, para cada 1 unidade de medida no modelo, equivalem 18 unidades da mesma medida no objeto real. Simplificando ainda mais, em um carro construído em escala 1:18, a cada 1cm do modelo equivalem 18 centímetros do original. Mas basta de explicações sobre a matemática da coisa, vamos às explicações sobre a história da coisa.
O modelismo como temos hoje nasceu praticamente junto com o humano moderno. Segundo pesquisas, é impossível determinar quando apareceu, mas é possível extrapolar e imaginar o homem no início dos tempos, projetando edificações, testando a flutuabilidade de embarcações, planejando cercos à cidades inimigas, elaborando armas, etc. O modelismo sempre teve um caráter experimental, sendo que até hoje arquitetos e engenheiros utilizam-se de maquetes para mostrar tanto a capacidade estrutural de um edifício quanto as formas pretendidas.
Quando pensamos em modelismo, temos diversas subdivisões. As duas principais são o que eu chamo modelismo de exibição e o modelismo de controle. No modelismo de exibição, também conhecido por plastimodelismo, engloba desde os pequenos e famosos Hotweels até os complicadíssimos kits Revell, e o objeto reproduzido em escala fica estático, e apresenta um nível muito avançado de detalhes. Você pode, por exemplo, ter em casa uma miniatura de um avião da 2ª Guerra Mundial, ou de um carro de Fórmula 1, ou mesmo de um navio transatlântico. Existem modelos em miniatura de praticamente todos os meios de transporte já inventados pelo homem, sendo os mais procurados os modelos de veículos militares da 2ª Guerra. Há também os dioramas, que são maquetes representando uma situação, ou uma cena. Existem, por exemplo, dioramas de tropas alemãs prontas para emboscar soldados aliados, carros antigos em um ferro-velho, entre outras, mas os mais conhecidos são os que acompanham os saudosos ferroramas: montanhas, vegetação, estruturas de caixas d’água, os próprios trilhos, tudo reproduzido à perfeição.
O ferrorama em si nos remete ao outro sub-grupo do modelismo, o modelismo de controle. Apesar de não ser exatamente controlado, o ferrorama, brinquedo popular da década de 80, é um misto de diorama com ferromodelismo. O trem, ao contrário do ambiente estático no qual se localizavam os trilhos, move-se em um círculo fechado formado pela via férrea. O dito “controle” limita-se apenas a colocar o trem em movimento ou pará-lo.
Dentro do modelismo de controle, há ainda sub-divisões: o já mencionado ferromodelismo, o automodelismo de fenda (autorama), o automodelismo RC (rádio-controlado), o aeromodelismo (aviões, balões, foguetes), o helimodelismo (helicópteros) e o nautimodelismo (barcos, lanchas e submarinos). Em quase todos os casos, os componentes são basicamente os mesmos: um corpo, carcaça, chassi ou fuselagem, que é a parte estrutural, conjunto direcional, conjunto motriz e conjunto receptor / transmissor. Vamos a cada um deles:
– O corpo, a fuselagem, a carcaça ou o chassi são a parte estrutural, como já mencionado. Eles dão o formato ao modelo, e determinam a estrutura dos outros componentes. Nos automodelos, são o conjunto de chassi e bolha, nos aeromodelos são a fuselagem e as asas, nos nautimodelos são os cascos, etc;
– O conjunto direcional é o que direciona os modelos, fazendo-os mover-se em diferentes direções. A princípio são compostos por um ou mais servos-motores e uma peça específica da estrutura. No caso de automodelos, as rodas, nos nautimodelos, o leme, nos aeromodelos, são o leme, o profundor e os ailerons. Nos helimodelos, há algumas diferenças, uma vez que quase todos os movimentos de mudança de direção são executados pelas hélices. Para subir, mais velocidade no rotor ou maior inclinação das pás, para descer o inverso, para girar no eixo vertical, pode haver um rotor de cauda, ou um segundo eixo de hélices principais, usando o próprio momento das hélices para virar a fuselagem;
– O conjunto motriz é o que faz com que o modelo desloque-se de um ponto a outro. Normalmente é um motor elétrico ou à combustão, mas alguns aeromodelos são lançados (planadores) e alguns nautimodelos seguem a receita dos descobridores, e navegam ao sabor dos ventos (nautimodelos à vela);
– O conjunto receptor / transmissor é o bom e velho controle remoto. A grande maioria dos modelos são controlados por rádios-transmissores, normalmente com mais de dois canais. Antigamente, o padrão de freqüência era 27 MHz de freqüência modulada, de curto alcance (no máximo 100 metros), grande chance de interferência de outros controles com a mesma freqüência e com uma antena gigantesca. Modelos mais modernos contam com o sistema de freqüência de 2,4 GHz (tecnologia Spektrum), sem interferência de outros modelos e alcance superior a 400 metros. Nos modelos, fica o receptor, que pode ter 2 ou mais canais, sendo que cada canal controla uma função. Por exemplo, um aeromodelo básico tem 3 canais, sendo um para o motor, um para o profundor e um para o aileron (inclinação das asas). Já um modelo avançado pode ter esses três, mais um canal para o leme, um para recolher ou estender o trem de pouso, um para ligar ou desligar as luzes de navegação, um para ligar ou desligar efeitos de fumaça, entre outros. Os transmissores mais completos podem chegar a 8 canais.
Em termos de público-alvo, o modelismo alcança desde crianças de 6 anos a adultos de 60. Especialmente se levarmos em conta a questão financeira: embora tenhamos certos modelos com preços bem acessíveis, um modelo profissional pode chegar à cifras equivalentes a um carro popular. Não é difícil encontrar modelos que ultrapassam os R$ 20.000,00, especialmente quando construídos peça por peça. Modelos RTR (Ready-To-Run, ou prontos para correr) normalmente são mais baratos, mas ainda assim são um investimento para quem é muito apaixonado pelo hobby ou para quem tem o dinheiro sobrando. E é fato que a maioria dos modelistas não se enquadra no segundo grupo. Existem muitos modelistas que, para economizar, constroem o que podem em casa, e só compram o que não podem construir ou reaproveitar.
Este artigo é apenas uma introdução ao modelismo, futuramente tentarei apresentar artigos específicos sobre cada tipo de modelismo, e, se possível, com entrevistas de modelistas amadores e profissionais.