Arquivo de janeiro, 2014

Salve, amigos modelistas!

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Hoje vamos falar em escolhas. E nesse campo, pensei um pouco e decidi fazer um artigo sobre as grandes batalhas do mundo do RC. São algumas alternativas possíveis para a prática do hobby. Dessas escolhas, algumas já foram citadas aqui no blog, outras ainda não, e mereciam artigos independentes, mas resolvi compactar em um post apenas. Vejam do que estou falando:

TRANSMISSÃO POR CARDÃ X TRANSMISSÃO POR CORREIA

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Em modelos on-road com tração integral (4×4, ou 4WD), a transmissão de força motriz para o eixo dianteiro e para o traseiro é feito de duas formas: ou por cardã, ou por correia. O cardã é um eixo rígido, de metal ou de plástico, com engrenagens ligadas aos diferenciais e, por consequência, aos eixos. Já a transmissão por correia usa uma correia plástica que aciona um jogo de polias ligadas aos eixos.

A transmissão com eixo cardã tem a vantagem de transmitir a força do motor à roda imediatamente. Para quem quer torque máximo sem rodeios, é a melhor opção. Entretanto, o torque em demasia pode ocasionar avarias, como torção do eixo ou mesmo quebra deste ou dos “copinhos” onde é encaixado. Já a correia, por ser fabricada em materiais flexíveis, tem uma certa maleabilidade, tornando a aceleração mais “suave”. A diferença não chega a ser perceptível, especialmente para modelistas casuais, mas está lá. E a chance de danos na correia é maior do que no eixo cardã. Por se tratar de um conjunto de polias abertas, qualquer sujeira ou pedrinha pode arrebentar a correia.

MOTOR ESCOVADO (BRUSHED) OU MOTOR NÃO ESCOVADO (BRUSHLESS)

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Um é antigo… outro é mais recente. Os motores são também motivos de debates nas rodinhas de RC. Crawlers, alguns drifters e pessoas mais tradicionais vão preferir o motor escovado (brushed). Já quem gosta de novidades, anda muito em circuitos ou bashing, que precisam de mais velocidade, vão tentar convencê-lo das vantagens do uso do motor brushless.

Como já dito muitas vezes no blog, o motor Brushless é uma tecnologia mais recente, não precisa de tanta manutenção e alcança uma velocidade final maior. Além disso, uma das desvantagens do motor brushless foi sanada com o advento dos motores sensorados: estes não têm mais o “cog”, aquela tremida quando se aciona levemente o acelerador. Isso permite, inclusove, que o motor brushless sensorado se torne uma excelente opção para a modalidade crawling. Entretanto, os motores brushed ainda são mais baratos do que os brushless, o que faz com que a maioria dos modelistas que não pensa tanto em velocidade opte por esse tipo de motor.

MOTORES À COMBUSTÃO OU MOTORES ELÉTRICOS

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Esta sim é uma briga das boas. Os donos de mosquitinhos, como são chamados, têm ótimas razões para defender a sua preferência. Da mesma forma, os usuários de modelos elétricos estão bem armados para este debate. E cada um apresenta vantagens evidentes quando comparado com o concorrente.

Os motores elétricos, na minha opinião, têm as seguintes vantagens: são mais silenciosos, mais econômicos, mais “eco-friendly” e não necessitam de uma regulagem tão complicada quanto os à combustão. A principal destas vantagens, para mim, é o barulho reduzido: para quem não dispõe de um amplo espaço desabitado para andar, é o paraíso, pois qualquer terreno abandonado pode ser um playground. Se os vizinhos perceberem algum barulho, é mais fácil que eles fiquem curiosos e venham conhecer o “carrinho”, iniciando inclusive uma conversa amigável. Entretanto, a baixa autonomia é o principal inimigo neste caso, pois uma ótima bateria vai proporcionar, no máximo 30 minutos de brincadeira. E se você não têm 3 ou 4 baterias, a brincadeira acaba quando está mais divertida (quando se pega o jeito do terreno).

Já os motores à combustão podem ter um desempenho superior, uma autonomia excelente e proporcionar mais emoção, no sentido de ouvir o motor roncando; Mesmo não sendo fã dos motores à combustão, sou apaixonado pelo ronco estridente dos 2-tempos. A autonomia, na minha opinião a principal vantagem desse tipo de motor, é diretamente proporcional à quantidade de combustível de que você dispõe. Acabou o combustível? Só precisa reabastecer e sair andando novamente. Por outro lado, o barulho pode incomodar vizinhos, o cheiro é forte e pode produzir o mesmo efeito, e a regulagem é bastante complicada, especialmente em locais com clima variável: dependendo da temperatura ambiente, a regulagem deve ser alterada. Além do mais, o preço dos combustíveis especiais de automodelos anda muito acima do volume das carteiras da média dos modelistas, sendo bem mais caro do que simplesmente ligar um carregador na tomada e esperar a bateria carregar.

COMPRAS NO BRASIL X COMPRAS NO EXTERIOR

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Bom, essa é uma batalha épica hoje em dia. Basicamente, trata-se de rapidez ou economia.

As compras no Brasil têm a vantagem da rapidez na entrega. O envio através dos Correios leva, em média, 7 dias úteis para a modalidade PAC, e pelo SEDEX leva mais ou menos 2 dias. Tudo depende da distância do remetente ao destinatário. Entretanto, o valor dos produtos tendem a ser bastante altos, pois o item comprado no Brasil normalmente vem do exterior. Some a isso a taxa do envio do exterior para cá e a margem de lucro do importador/vendedor, e pronto: valores nem um pouco competitivos com relação ao praticado lá fora.

Importar peças, acessórios e até modelos completos pode ser muito bom no sentido de economizar uns trocados. Entretanto, o tempo de envio pode variar de 30 dias a 6 meses, dependendo de vários fatores como valor total da compra, peso do pacote, boa vontade dos agentes da Receita Federal…  E ainda, nem sempre o valor é tão em conta assim. A variação do Dólar tem sido o principal vilão da história.

E existem outros tipos de batalhas, mas as mais acirradas que me vieram à memória, foram essas. Lembre-se sempre de que, na maior parte dos casos, é uma questão pessoal, de preferência mesmo. Em outros casos, é uma questão de possibilidade. Mas não há escolha certa ou errada, há sim a escolha mais indicada para o seu objetivo final. E assim termino este pequeno artigo, espero ter ajudado com essas informações. Até a próxima!

Salve, amigos modelistas!

Mais uma vez venho apresentar um review feito pelo nosso amigo Jang, dessa vez de um modelo que divide opiniões: Traxxas Telluride 1/10. Como o nosso anfitrião mudou o sistema dos vídeos dele, apresentando os reviews em vários vídeos separados, vou usar como base apenas o “Final Thoughts”, ou seja, as conclusões a que ele chegou com o tempo que gastou no modelo.

Primeiramente, é necessário entender o que é o modelo, e a que ele se propõe. O Traxxas Telluride é um offroad escala 1/10 lançado recentemente, com uma idéia até certo ponto inovadora: uma estrutura offroad, voltada a terrenos extremos. Lembra os modelos trail, mas com suspensão independente. Digo inovadora não pela idéia em sí, mas porque nenhum outro fabricante ousou lançar um trail com esse tipo de suspensão. Afinal, não é novidade para os modelistas mais experientes que a suspensão com eixo rígido é infinitamente superior à independente para essa modalidade.

E o Jang começa o seu vídeo de impressões finais apresentando o conceito do modelo. Ou melhor, ele começa dizendo o que o modelo NÃO é… no caso, um rock crawler. Ele (o modelo) não é anunciado dessa forma, não se comporta dessa forma e, finalmente, não deve ser usado dessa forma. Ele deve ser usado em terrenos acidentados, como um pátio de máquinas de uma construção, ou locais onde modelos de carros de passeio poderiam passar, mas não seriam nada bem-vindos.

Dando seguimento, Jang analisa como o modelo se sai fazendo o que ele deveria fazer. Para o nosso anfitrião, o modelo é (parafraseando um personagem de TV) mais ou menos… em primeiro lugar por conta dos pneus. O composto é um pouco rígido demais, beneficiando a durabilidade em detrimento do grip. Não chegam a ser um fracasso total, mas poderiam ser muito melhores.

Outro motivo que deixa o carro com uma avaliação apenas regular, é o fato de ter diferenciais abertos. A Traxxas pecou ao manter o diff plenamente funcional, mesmo usando um óleo 100.000, uma viscosidade média. Segundo Jang, o ideal seria, pelo menos 200.000 ou 300.000, fazendo com  que o carro segurasse bem nos terrenos acidentados, mas mesmo assim ainda possa ser usado no asfalto, por exemplo.

O terceiro e principal motivo é o motor. O Titan 12T é usado nos modelos 2WD da Traxxas, e esta é a primeira vez que é usado num modelo 4WD, mais pesado e transferindo muito mais potência ao chão. O motor é escovado, e em situações normais (temperatura ambiente amena, sem forçar muito em baixas velocidades e no tipo de terreno proposto) ele anda quente. Numa tentativa de fazer crawling, Jang chegou a queimar o motor do modelo que ele testou, comprovando de uma vez por todas que o modelo  NÃO DEVE SER USADO PARA CRAWLING! hehehe…

Bom, esta avaliação do Jang foi levando em conta a experiência do cara em automodelismo, especialmente elétrico. São problemas que podem ser resolvidos facilmente no caso dos pneus e dos diffs, e não tão facilmente no caso do motor. Até mesmo, ele diz que se você usar o modelo como ele deve ser usado, o motor vai sim aguentar um bom tempo. Mas o ideal seria substituir o motor por um brushless com sensor, o que permitiria, inclusive, algumas voltas de crawling leve, apesar da suspensão. Mas isso nos leva a outro ponto, a questão do valor. Na época do vídeo, o modelo custava US$ 300,00 sem os descontos característicos das lojas online dos EUA. É o modelo mais em conta da Traxxas, até pela simplicidade. E isto o torna um modelo excelente em um quesito muito específico, que explicarei abaixo.

O Jang diz no vídeo que ele é, por dentro, um crianção crescido, por ser ainda bem jovem. E ele ainda lembra bem dos sentimentos que ele tinha na infância. E é por isso que ele diz, com toda propriedade, que o Telluride é um excelente modelo de entrada no hobby, tanto para adultos iniciantes quanto para crianças. O valor é competitivo com modelos toy-grade, e oferece muito mais do que um brinquedo.

E assim, ele encerra dizendo que o modelo é sim uma boa escolha nas situações acima, mas não é indicado a modelistas experientes. Uma nota pessoal, o modelo é muito agradável visualmente, e por ser um Traxxas tem várias opções de configuração e peças de reposição, além de contarmos com a qualidade de uma empresa consolidada no mercado mundial de modelismo.

É isso, amigos. Abaixo seguem os vídeos que o Jang fez do Telluride para vocês tirarem as próprias conclusões. Compartilhem o link do post no Facebook, e não deixem de seguir o novíssimo Twitter do blog no @HVRCblog. Até a próxima!